Enquanto o chamado para a quietude continua, somos levados a lembrar que quietude não é igual a fuga, e que é importante reconhecermos quando escorregamos da primeira para a segunda. Um coração verdadeiramente quieto, silencioso, pode conter tudo o que existe, tanto a sombra quanto a luz, a dor e o prazer, o amor e o ódio. A dualidade da consciência do dia-a-dia pode ser amorosamente mantida dentro de um coração silente e reconhecida pelo que é. Mas quando escapamos da quietude e escorregamos para a fuga, fica mais difícil encarar a verdade: a intensidade e poder de nossas emoções, as dores do mundo, a quantidade de vidas destruídas, incluindo as nossas próprias às vezes… estas coisas são mais difíceis de suportar quando estamos na fuga, pois não podemos abrir suficientemente nossos corações para permitir que elas entrem.
Muitas vezes a vida está longe de ser uma tigela de cerejas e às vezes corremos o risco de nos retirarmos para a fuga disfarçada de quietude ou para a negação disfarçada de positividade. É necessária uma percepção aguçada para reconhecermos se fazemos isso e quando o fazemos, e também para sabermos o que provoca essa mudança. Pode ser algum medo que não conseguimos enfrentar e então nos afastamos para a segurança do não-envolvimento. Ou talvez seja o desconforto com a raiva, que nos faz sorrir um falso sorriso e dizer “está tudo bem… o que for será”. Dizemos a nós mesmos que um pensamento positivo será o suficiente para superarmos uma vida inteira de ressentimentos, ou que uma mudança de foco fará com que nossos “demônios” desapareçam. Mas nada disso vem da quietude que, por sua própria natureza, é quieta, imóvel. Ela não requer nenhum movimento para mudar o que é. Tudo que ela faz é expandir-se ao redor da situação, incluí-la e segurá-la, pois só assim pode ter início qualquer mudança duradoura.
Isto não quer dizer que não podemos agir, porque, na verdade, podemos e geralmente devemos, de modo a transformar a nós mesmos, nossas vidas e os outros. Mas agir antes de permitir que a nossa quietude interior penetre tudo o que existe no momento, necessariamente reduz o poder das nossas ações. Se não conseguirmos sentir a profundidade total daquilo que desejamos curar, não conseguiremos curá-lo totalmente. Se não conseguirmos encarar a devastação que predomina em muitas vidas nos dias de hoje, não conseguiremos respeitar a enormidade da alquimia necessária para trazer vidas de volta ao equilíbrio. Tanto a enormidade dessa tarefa quanto o poço infindável de cura do qual todos nós podemos beber, são evidentes nos céus agora. Nenhum ato de cura é grande demais para um cosmos infinito que continua a se expandir, assim como nenhum sofrimento é maior do que um coração tranquilo pode suportar. O grau em que evitamos encarar os subprodutos da dualidade em nossas vidas reflete o grau em que estamos desconectados daquele coração silente dentro de nós. Se dermos as costas ao sofrimento também daremos as costas ao seu remédio. Não podemos cuidar de um ferimento que nos recusamos a enxergar.
O maior desafio da condição humana é reconhecer a profundidade do sofrimento no mundo, ao mesmo tempo em que olha através da sua natureza ilusória para enxergar a quietude que está além dele. Este é o desafio que se encontra diante de nós agora, pois ao olharmos para ele e depois através dele, podemos fazer muito mais do que olhando ao redor, ou simplesmente dando-lhe as costas. Um coração quieto é um coração aberto, com olhos abertos para enxergar, ouvidos abertos para ouvir e mãos para doar. E nessa própria abertura se encontra o caminho da cura e da inteireza, para você, para mim, para todos os seres vivos e para este lindo planeta em que vivemos e temos nossa existência.
Com amor para todos
Muitas vezes a vida está longe de ser uma tigela de cerejas e às vezes corremos o risco de nos retirarmos para a fuga disfarçada de quietude ou para a negação disfarçada de positividade. É necessária uma percepção aguçada para reconhecermos se fazemos isso e quando o fazemos, e também para sabermos o que provoca essa mudança. Pode ser algum medo que não conseguimos enfrentar e então nos afastamos para a segurança do não-envolvimento. Ou talvez seja o desconforto com a raiva, que nos faz sorrir um falso sorriso e dizer “está tudo bem… o que for será”. Dizemos a nós mesmos que um pensamento positivo será o suficiente para superarmos uma vida inteira de ressentimentos, ou que uma mudança de foco fará com que nossos “demônios” desapareçam. Mas nada disso vem da quietude que, por sua própria natureza, é quieta, imóvel. Ela não requer nenhum movimento para mudar o que é. Tudo que ela faz é expandir-se ao redor da situação, incluí-la e segurá-la, pois só assim pode ter início qualquer mudança duradoura.
Isto não quer dizer que não podemos agir, porque, na verdade, podemos e geralmente devemos, de modo a transformar a nós mesmos, nossas vidas e os outros. Mas agir antes de permitir que a nossa quietude interior penetre tudo o que existe no momento, necessariamente reduz o poder das nossas ações. Se não conseguirmos sentir a profundidade total daquilo que desejamos curar, não conseguiremos curá-lo totalmente. Se não conseguirmos encarar a devastação que predomina em muitas vidas nos dias de hoje, não conseguiremos respeitar a enormidade da alquimia necessária para trazer vidas de volta ao equilíbrio. Tanto a enormidade dessa tarefa quanto o poço infindável de cura do qual todos nós podemos beber, são evidentes nos céus agora. Nenhum ato de cura é grande demais para um cosmos infinito que continua a se expandir, assim como nenhum sofrimento é maior do que um coração tranquilo pode suportar. O grau em que evitamos encarar os subprodutos da dualidade em nossas vidas reflete o grau em que estamos desconectados daquele coração silente dentro de nós. Se dermos as costas ao sofrimento também daremos as costas ao seu remédio. Não podemos cuidar de um ferimento que nos recusamos a enxergar.
O maior desafio da condição humana é reconhecer a profundidade do sofrimento no mundo, ao mesmo tempo em que olha através da sua natureza ilusória para enxergar a quietude que está além dele. Este é o desafio que se encontra diante de nós agora, pois ao olharmos para ele e depois através dele, podemos fazer muito mais do que olhando ao redor, ou simplesmente dando-lhe as costas. Um coração quieto é um coração aberto, com olhos abertos para enxergar, ouvidos abertos para ouvir e mãos para doar. E nessa própria abertura se encontra o caminho da cura e da inteireza, para você, para mim, para todos os seres vivos e para este lindo planeta em que vivemos e temos nossa existência.
Com amor para todos
Fonte: Sarah Varcas
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