Não adianta chorar pelo leite derramado. Com o perdão do trocadilho, o fato é que cerca de 60% da população mundial tem algum tipo de sensibilidade aos laticínios, segundo matéria publicada no USA Today (e algumas estatísticas chegam até a 75%). Essas pessoas podem apresentar sintomas como alergias respiratórias, sinusite, nariz que escorre com frequência, muco persistente, inflamações e infecções de garganta e ouvidos, diarreia e dores de cabeça. Como nesta segunda-feira (24) foi comemorado o Dia Internacional do Leite, vale a pena refletir sobre o assunto.
A questão é que a habilidade de digerir o açúcar (lactose) e as proteínas (caseína e whey) do leite não é uma doença, e sim um traço absolutamente normal nos humanos. A retenção da capacidade de digerir leite e seus derivados após a infância é uma mutação genética, mais comum na população europeia, principalmente nórdica.
De acordo com o naturopata americano Peter D"Adamo, criador da Dieta do Tipo Sanguíneo, a habilidade de digerir leite surgiu quando os humanos migraram para regiões mais próximas do pólo, onde os alimentos eram escassos pela impossibilidade de cultivo de plantas. Então as pessoas passaram a usar o leite dos animais como fonte de nutrição alternativa. Esta teoria diz que as pessoas descendentes desta população, com sangue tipo B, são as que possuem maior possibilidade de digerir laticínios sem problemas. Já asiáticos, africanos, índios e seus descendentes são os que mais apresentam sintomas de intolerância ao consumir leite, seus derivados e preparações, como queijo, iogurte e cremes.
Além disso, os processos de industrialização do leite e seus derivados também contribuem para aumentar as estatísticas de intolerância ao alimento. A pasteurização e a homogeneização causam transformações moleculares nos laticínios. Além disso, as vacas são alimentadas com milho e soja geneticamente modificada, e tratadas com hormônios e antibióticos. Tudo isso pode explicar um número cada vez maior de sintomas e doenças associadas ao consumo de leite e derivados.
Como substituir o leite?
Diversas pesquisas médicas vêm também desconstruindo o mito de que precisamos de leite diariamente na dieta para adquirir cálcio para os ossos, como os estudos do médico cientista de Harvard, Walter Willet. O especialista recomenda incluir no cardápio folhas verde-escuras, gergelim e tahine, algas marinhas como nori, além de sardinhas e outros peixes pequenos consumidos com ossos. Seus estudos inclusive apontam para uma incidência maior de fraturas e de câncer nos consumidores de laticínios.
Indo na direção contrária, nós brasileiros consumimos diariamente e em grandes quantidades leite, manteiga, queijo, iogurte, creme de leite, requeijão e alimentos industrializados - que mesmo sem lactose, contêm diversos derivados do leite, como a proteína whey.
Na minha prática como coach de Saúde da Mulher, eu recomendo eliminar ou diminuir consideravelmente o consumo do leite, particularmente para as mulheres que experimentam problemas menstruais e hormonais (TPM, ausência ou excesso de sangramento, ovário policístico, miomas, infertilidade) e sintomas como espinhas, enxaqueca, síndrome do intestino irritável, constipação e flatulência. Mesmo os orgânicos devem ser evitados, pois o leite possui naturalmente hormônios que interferem em nosso sensível sistema endócrino.
Como também não recomendo usar os substitutos feitos de soja, sugiro fazer seu próprio leite alternativo em casa, com amêndoas, castanhas e sementes. É muito fácil, prático, dura cerca de 4 a 5 dias na geladeira, tem um sabor delicioso e oferece sensação de saciedade, pois é mais rico em proteínas.
Leite de Amêndoas
Ingredientes
- 1 xícara de amêndoas
- 3 xícaras de água
Modo de preparo
Bata tudo no liquidificador na potência máxima, até ficar bem homogênea. Se quiser o leite deixar bem liso, retire a polpa usando uma peneira bem fina, um pano de prato, ou uma sacola de algodão ou musselina.
Outra dica é deixar as amêndoas de molho na água em uma tigela de inox ou vidro, de 6 a 12 horas, descartando a água ao final, para eliminar os antinutrientes naturalmente presentes nesses alimentos. Depois disso, basta adicionar a mesma quantidade de água especificada na receita e bater as amêndoas no liquidificador.
Chocolate quente
Ingredientes
1 xícara de leite de amêndoas
1 colher de sobremesa de cacau em pó
1 colher de chá de canela
1 colher de café de noz moscada ralada na hora
Mel a gosto para adoçar
Modo de preparo
Misture tudo em uma leiteira. Aqueça a mistura levemente e desligue antes de começar a ferver.
Muito interessante as informações sobre o LEITE que uma grande maioria das pessoas foram acostumadas a pensar, indispensável na alimentação humana.
ResponderExcluirAlgumas outras sabem, mas por uma força da tradição cultural, continuam incluindo este alimento,in natura ou processado industrialmente em sua alimentação, mesmo em detrimento de suas SAUDE.