SEJAM TODOS MUITO BEM VINDOS

Aqui é o templo sagrado, em que nos permitimos desfrutar o contemplar da Vida, do Amor, da Alegria, do Perdão, da Gratidão, da Felicidade Plena, da verdadeira Paz ... tudo de bom. Navegue à vontade, deleite-se e se entregue plenamente com todo seu Ser. Um cantinho de amor, realizado para todos nós.

QUEM SOU EU?

EU sou presença Divina da Paz. Eu sou o EU

EU sou presença Divina da Luz. Eu sou o EU

EU sou presença Divina do Amor. Eu sou o EU

EU sou presença de Deus em ação. Eu sou o EU

EU sou a porta aberta do meu coração, que, nada, nem ninguém pode fechar. Eu sou o EU.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

A PRECE DA SOLUÇÃO Calunga, através de Gasparetto





A PRECE DA SOLUÇÃO



A Prece da Solução é crer que tudo já está resolvido. 
Tudo está Perfeito na vida e no Universo.

Aquilo que faz eu viver, aquilo que põe vontades em mim, 
a Fonte da Vida quando aparece em mim, 
porque Ela tem no Universo todo, soluções para mim.

Eu acredito em todas as soluções 
Acredito em todas as saídas.
Acredito em toda modificação. 

Acredito, de coração, que tudo se renova, tudo recomeça,
tudo avança, tudo progride, tudo renasce, tudo reforma.

Acredito na imensa generosidade do Universo para comigo e para com todos.

Eu Abro, neste instante, as portas da confiança do meu coração à generosidade da Vida. 

Ao abrir as portas, a luz me aquece e a confiança brota; o resto é ilusão.

Tudo vem à mim na medida certa das minhas atitudes; e minha atitude, agora, é de fartura …

Abro minhas mãos como quem solta o que prende. 

Solto o passado que não me serve e o futuro ausente …

Abro minhas mãos para receber, mas abro minhas mãos para deixar ser...

Abro minha mente para ouvir, meu coração para sentir, meu colo para receber …

Liberto minhas pernas para caminhar, minha garganta para expressar, meus olhos para ver, meus ouvidos para escutar …

Liberto minhas costas para não precisar carregar, me liberto do mundo para não me escravizar …

Largo este mundo para dominá-lo, não pergunto para entendê-lo, não chamo para alcançá-lo.

Meu silêncio é a confiança que tudo é solução.

Meus planos? 
Eu não penso.

No amanhã? 
Eu não penso

O Universo é o grande pastor de toda ovelha, 

Porque Deus aos homens se assemelha e cria neles a chance, o recomeço e a renovação.

Nada falta para nenhum filho, o Eterno Pai concede tudo na medida de cada um. 

E a minha medida agora é a generosidade com que perdoo o inimigo

O indivíduo que passou por mim e mostrou as minhas intolerâncias, as minhas limitações.

Liberto aos outros do julgamento, os críticos do meu lamento, os agressores do meu sofrimento.

Liberto dos olhos dos outros, da boca alheia, do palco das mentiras, para ficar na minha verdade interior.

Não sou como todos e não preciso ser.

A vida que é para os outros não tem que, necessariamente, ser a minha.

Eu não tenho medo. 

Quero dizer bem claro ao Universo que não tenho medo de ser o único a ser feliz na Terra, a ser muito rico na Terra, a viver na chuva de bençãos constantes; 

Não tenho medo de ser aquele que não tem medo, não tenho problema de ser aquele que não tem problemas, não tenho vergonha de ser aquele que não tem vergonha, não tenho pudor de ser aquele que não tem pudor.
Assim, me permito viver na eterna benção do fluxo constante das portas que eu mesmo abro, sabendo que Deus só faz por mim quando em mim eu planto Deus – a consciência do Bem, a consciência do melhor.

Todos os canais para a solução estão abertos porque, na verdade, nunca se fecharam.

Não há problemas. 

Tudo está certo. 

Está certo este momento, esta prece; está certo o que eu como, o que eu falo, o que eu vivo – tudo é benção na minha vida.

Eu aceito esta benção como o filho pródigo escolhido recebendo sua recompensa.

Aceito a vida no que há de dor e no que há de sabor. 

Aceito a vida com ou sem amor. 

Aceito a vida pelo dom que ela é; no que é simpático e antipático, no que é prazer e no que não é.

Aceito a vida inteira inteira porque vejo nela a benção em todos os sentidos; 

O que me falta me ensina daquilo que não tenho, e o que eu tenho me ensina o que é ter as coisas. 

Tudo me eleva, tudo se mostra, tudo me reconhece; tudo me mostra a mim mesmo e tudo me eleva.

Eu estou em Paz. 

Só o Bem é Real, só o Bem é Verdade

Estou em paz, neste gesto em que abro meus braços da fraternidade e comungo com o Universo de bençãos e de Bem.

Neste momento é o que mais me convém. 

Tudo é assim porque assim está, porque esse é o ponto onde eu moro, o Universo onde me encontro, na atitude que tomo

A bondade imensa que a Vida me concedeu a liberdade de criar o mundo que eu quiser e de me colocar aonde eu bem entender.

Neste instante, eu me coloco no terreno da Paz, da Confiança Plena.

Na certeza que tudo que eu quero, que tudo eu tenho, que todo querer é já poder, é já ter. 

E que, na calma desta confiança, reforço todo Bem daquilo que está, porque tudo já está e tudo está aparecendo na consciência, pouco a pouco.

Nesta paz que eu fico, eu vou transformar esta Prece da Solução num gesto contínuo na minha vida.

Eu vou viver só no AQUI e no AGORA, sem pensar que existe hora, porque o Universo não tem tempo, 
Porque a Vida é sempre o que eu só posso sentir

A Vida toda é só esta aqui, aquela que eu sinto AGORA.

Agora é eterno, Pleno e Real, por isso Eu Sou Eterno, Pleno e Real. 

Porque Sou Aquele que está além do tempo, 

Porque Eu Sou a Consciência Viva do próprio Universo.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

CRIANÇA ESTRESSADA PODE VIRAR ADULTO DOENTE



Como adultos, passamos diariamente por situações de estresse - maiores ou menores. Elas podem aparecer em diversos lugares, como no trabalho, na rua e até mesmo em casa. Alguns reagem ao estresse com mudanças no humor, e tornam-se pessoas mal humoradas e tristes. Já outros apresentam alterações na saúde psíquica, desenvolvendo doenças como depressão, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, conflitos em relacionamentos ou insônia.
Há, ainda, quem reaja ao estresse por meio de doenças que habitualmente são classificadas como psicossomáticas, como intestino irritável ou certos casos de asma. Também existe um grupo de pessoas que desenvolve doenças vistas, até pouco tempo, como puramente orgânicas, como diabetes, hipertensão e arteriosclerose. Mas por último há aqueles que, sob o peso das mesmas situações de estresse, não adoecem nem física e nem emocionalmente.
Essas diferenças atraíram a atenção do neurobiólogo canadense Michel Meaney, da Universidade McGill, em Montreal (Canadá). Suas pesquisas indicam que as diferentes reações ao estresse são condicionadas na infância. Conflitos familiares constantes, abusos físicos ou sexuais em crianças, uma educação muito severa ou negligência nos cuidados ou na educação que a criança precisa, são fatores que predispõem o futuro adulto a adoecer com mais facilidade, tanto mentalmente como fisicamente."Conflitos familiares constantes, abusos físicos ou sexuais em crianças, uma educação muito severa ou negligência nos cuidados ou na educação que a criança precisa, são fatores que predispõem o futuro adulto a adoecer com mais facilidade, tanto mentalmente como fisicamente."
Há um fator genético também envolvido, mas as experiências da infância são determinantes.
A criança passa não só por um crescimento em tamanho, mas pelo amadurecimento de seus órgãos internos. O sistema nervoso central e o sistema endócrino, com suas glândulas e hormônios, estão em formação e são muito afetados pelas experiências dolorosas da infância. Essas experiências marcam a forma de reação ao estresse, como uma informação que fica impressa no corpo, e se repete sempre que a pessoa se encontra diante de situações que inconscientemente têm relação com os sofrimentos vividos na infância. É por isso que muitas reações ao estresse parecem infantis, porque é a criança machucada que está atuando!
Quando o adulto - por meio de um trabalho terapêutico - reconhece as feridas físicas e emocionais que a sua criança interior carrega, ele dá o primeiro passo no sentido de acolher a criança que ele foi e libertar sua vida de adulto daquelas reações infantis. Isso o permite viver como uma pessoa livre e responsável. Afinal, é uma prisão reagir sempre da mesma maneira ao que acontece em nossas vidas. E quando podemos deixar de agir conforme o padrão, e mesclar o pensar e o sentir antes de agir, alcançamos a maior liberdade que podemos almejar!

Fonte: http://www.personare.com.br/crianca-estressada-pode-virar-adulto-doente-m3199

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A PAZ É CONSCIÊNCIA


"No escutar total não existe mente, nenhum pensamento, nenhum você. Apenas o escutar permanece. 

Quando eu digo para você estar simplesmente atento do que está acontecendo agora, você precisa fazer algo para estar atento? Isso é um fazer? Que tipo de fazer é isto? 


Escutar os pássaros ou me ouvir é um “fazer”? Realmente não podemos chamar isso de fazer. Ao invés disso, ele é um “acontecer”. Cantar e atenção do cantar estão simplesmente acontecendo. 

Permanecendo na atenção desse acontecimento é o espaço sem pensamento e sem esforço do qual falávamos antes. 
Este espaço sem esforço e sem pensamento é iluminação. Quando você retorna para este espaço e você permanece lá, você está de volta ao seu próprio estado natural.

Isso é sua própria consciência, seu próprio estado, seu próprio espaço. Este espaço não é parte da mente ou de seus pensamentos. Ele é tão puro, tão virgem, tão cheio de contentamento. Neste estado, você está afinado com a força de vida do aqui - agora, força de vida da existência está pulsando aqui - agora todo o tempo. 

Quando você está afinado com ela, você recebe o presente de alegria, benção e silêncio. Este é seu estado natural. Você é parte dessa existência. Você é 
existência. Simplesmente permaneça totalmente em unicidade com a existência. Você é Ela! Deixe-me tentar explicar este espaço em minhas próprias palavras. Pura consciência é seu estado natural. 

Portanto, cada individuo já é, de certa forma, iluminado, e sempre foi porque consciência é sua natureza. Não é correto dizer que somente alguns poucos escolhidos se tornarão iluminados e o resto das pessoas não se tornarão iluminadas. Iluminação pode acontecer para qualquer pessoa.  Você só precisa acordar. As pessoas estão simplesmente adormecidas e sonhando. 

Elas estão sofrendo em seus sonhos. Você está sonhando que você quer acordar. E você está também sonhando que isso é difícil, cheio de esforço, ou até mesmo impossível acordar. É por isso que você não consegue acordar. Mas estar acordado e consciente é sua natureza e seu próprio espaço. Você está preso nas misérias de seu sonho ao invés de estar simplesmente acordado e atento e destacado do sonho. 

É só um sonho! Não é seu sonho. Você é consciência. 

Você é a atenção testemunhando o sonho. Você não é o corpo e a mente que está tomando parte nos acontecimentos do sonho.
Você é a consciência testemunhante na qual eles estão ocorrendo. Você é pura existência. Você é pura consciência. Você é pura paz. 
Durante seu sono e sonho, este espaço está lá de alguma forma, em algum  lugar. Até durante seu sono e sonho, consciência, atenção, e acordamento existem. De outro modo, como você poderia acordar de seu sono para o despertar? 

Quando a luz aparece, a escuridão desvanece. 

Escuridão como tal não existe. Escuridão não é nada mais que ausência de luz. Similarmente, quando o acordar acontece, o sono desaparece. Por outro lado, durante o sono, atenção e consciência permanecem presentes como um fundo sobre o qual o sono ocorre. 

Por causa da consciência que está presente durante o sono, você sabe que você dormiu bem ou não após você ter acordado. A paz do sono não é uma experiência que é experienciada no corpo ou na mente de um experimentador.

Aquela paz é consciência, existência e paz em si mesma. Isso é o que você é. Nós experimentamos o que somos durante cada noite de sono. Experimentamos iluminação durante o sono, ainda que em total ignorância. Uma vez reconhecido e realizado o fato de que não somos o corpo nem a mente, mas a consciência e paz eterna na qual eles aparecem como um sonho, nossa busca termina. Faz um giro de 180 graus!

Retorne e permaneça em seu estado natural! Reconheça que você é aquele despertar. Isto é tudo."



Fonte: http://ventosdepaz.blogspot.com.br/2012/10/a-paz-e-consciencia.html   Kiranji em Satsang

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A CRIANÇA EM NÓS ...


Vou te contar um segredo...

Não importa a idade que tenha,
Você nasceu criança!!!
Se nascemos criança, porque seria?
Seria para que desde sempre conhecessemos nossa face original?
Seria para que desde cedo conhecêssemos o que é uma fala doce sem pretenções,
E os olhos puros, que nada desejam nem sonham?
Seria para que víssemos o mundo inteiro como nossa extensão?
Porque seria?
Nascemos crianças
E vamos ao longo da vida perdendo de vista a criança em nós
Vamos envelhecendo a criança
E esvaziando a alma
Cobrindo com cinzas opacas
Aquela luz toda que teimava em irradiar sem parar.
Nascemos crianças
Nascemos para o instante
Ávidos de vida, de vivências,
Ávidos
E vamos ficando tão mornos, tão densos
Que a avidez se transforma em cansaço
Se transforma em fastio
E o instante presente
Chega praticamente morto
Pois já não estamos lá para recebê-lo
E ele simplesmente vem e se vai, sem ser tocado.
Mas a criança em nós permanece lá
Ou melhor aqui,
Ela permanece pois não tem para onde ir
Não podemos fugir daquilo que realmente somos
Originalmente somos,
Se deixamos todas as questões de lado
Se simplesmente abandonamos todas essas lógicas e razões sem sentido
O que encontraremos será a pureza original intocada
Será aquela brisa da primavera imprevisível e bela
Será aquele tesouro precioso que buscávamos ávidamente fora
Sem encontrar...
A criança em nós chama
Ela nada obriga,
Mas chama.
Ouçamos seu chamado,
Alimentemos sua alma
Deixemos que sorria novamente
E vejamos o que acontece...
Um beijo carinhoso à todas as crianças...
Crianças de todas as idades!!

Fonte: http://ventosdepaz.blogspot.com.br/2011/10/crianca-em-nos.html

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A PAZ ... SEGUNDO LELOUP


Paz, em hebraico, é Shalom, e, literalmente, Shalom quer dizer: “estar inteiro”, “estar em repouso”…  É então conveniente que perguntemos: o que nos impede de estarmos inteiros?  O que  nos impede de experimentarmos o repouso, isto é, de estarmos em paz?

As respostas são múltiplas; destaco apenas as que me parecem essenciais:

-    O que nos impede de estarmos inteiros, de estarmos inteiramente presentes na integridade do que somos, é o medo.
-   O que nos permite estarmos inteiros, estarmos inteiramente presentes na integridade do que somos, é o amor.
O contrário do amor, e portanto da realização do que somos, não é fundamentalmente o ódio, e sim o medoMedo de quem?  Medo de que? Medo de amar, melhor dizendo, de se perder, pois amar antes de se encontrar é perder-se.
Certamente, existe toda sorte de medo: do desconhecido, do sofrimento, do abandono, da morte…  Todos esses medos podem resumir-se num só: medo de ser “nada”.
Este medo nos leva a esforços inimagináveis, para provarmos a nós mesmos e aos outros que somos alguma coisa e que “vale a pena” sermos amados, que o merecemos…  Ser amado seria, portanto, um direito do homem?
Infelizmente, este é um segredo muito bem guardado: aquele que procura ou solicita o amor jamais o encontrará…  Só o encontramos no momento em que o damos…  Unicamente quem ama, quem se torna amável e é capaz desse dom “gracioso” recebe o amor gratuitamente.
O Amor jamais se manifesta àquele que o pede, mas se revela sem cessar a quem o doa.  Aquele que compreendeu e viveu isto sente-se em paz.  E também inteiro, porque só o amor nos realiza (e é o cumprimento da lei).
O medo nos “castra”, torna-nos enfermos e impede a livre circulação da vida em todos os nossos membros.  E no Amor não há “membros impuros”: “Tudo é puro para aquele que é puro”; é o Amor que purifica.
Amar com todo o seu ser, este é o mandamento (mitzvah), ou, mais exatamente, o “exercício” que nos é proposto: “Amarás com todo o teu coração, com todo o teu espírito, com todas as tuas forças”; isto traz também uma esperança.
Um dia amarei inteiramente, não somente com o meu corpo, minha cabeça ou meu coração,  mas“inteiramente”; um dia, se almejo isto sem perder a esperança, estarei em paz.  Pois é suficiente desejar amar, querer amar, mesmo que ainda não seja amar…  Bem sabemos que o inferno não está nos outros; o inferno é não amar, é não se amar inteiramente, até em nossa dificuldade e algumas vezes em nossa incapacidade de amar…
Nesse caso, talvez seja bastante não mais querer, não mais ter medo deste medo sutil, menos grosseiro, que é o medo de não ser amado, o medo de não amar…  Aquele que perdeu o medo de ser “nada” não tem mais medo de tudo; paradoxalmente, é o medo de ser nada que nos impede de ser tudo.  Se aceitássemos, por um instante, este “nada” que somos, este “nada a mais e nada a menos” do que somos, então,  nesse mesmo momento, não haveria mais obstáculos à revelação e ao desdobramento do Ser que ama, em nós e através de nós.
Se, supostamente, ser amado é um direito do homemser capaz de doar é uma realização, uma graça divina concedida ao homem; a alegria de participar da Dádiva e da Vida do Ser que faz “girar a Terra, o coração humano e as demais estrelas”, generosamente…
Porém, não fosse pelo fato de nos “sentirmos mal”, como seria possível aceitarmos “ser nada” quando nos sentimos ser alguma coisa?  O termo “nada” pode parecer negativo; talvez fosse preciso dizer simplesmente “ser”, sem acrescentar qualquer palavra, para podermos pressentir que o que se soma ao “ser” é algo de “mental” e compreendermos melhor a palavra do Cristo, precedida pela de Buda (seis séculos antes): “O que é, é, o que não é, não é”.  Tudo o que é dito a mais vem do mental ou do “mau”, ou ainda, em algumas traduções, do “mentiroso”.
Sentir-se em paz é estar num corpo relaxado, com o coração livre e a mente serena.  E conhecendo melhor, hoje, as funções coordenadoras do cérebro, é sem dúvida pelo mental que devemos começar.  Ser nada a mais (e nada a menos) do que somos – estar em paz – pressupõe uma mente pacificada, em repouso, e é o segundo sentido da palavra shalom.
Por que não estamos em repouso?
Não somente há o medo de ser “nada” (ser mais ou ser menos do que somos), mas existem as lembranças, com as quais nos identificamos e que tomamos por nosso verdadeiro ser.  O caminho para a paz é aquele que nos faz passar das nossas identidades provisórias, irrisórias, transitórias,para a nossa identidade essencial (eu sou o que eu sou).
Os Padres do Deserto falavam de oito logismos, ou pacotes de memórias, com os quais nos identificamos e que nos impedem de estar em paz.  São eles:
1. Gastrimargia, ou a identificação com nossas fomes, sedes e apetites, o resultado de todas as nossas necessidades, que e somatizam, na maior parte do tempo, oralmente (bulimia, anorexia);
2.  Philarguria, ou o medo de nos faltar algo, que se manifesta pela acumulação de bens inúteis; identificamo-nos e buscamos a segurança, pelo que temos e pelo que possuímos;
3.  Pornéia, ou a identificação com a nossa vida pulsional, com o medo de nos faltar vitalidade e desejo;
4.  Orgé, ou a dominação do irascível e do emocional, a cólera de não ser reconhecido como “centro  do mundo”, “digno de reconhecimento e respeito”;
5.   Lupé, ou a tristeza de não sermos amados como gostaríamos de ser;
6.   Acedia, ou a tristeza de não sermos amados de forma alguma, o desespero diante da evidência de que nunca fomos e nunca seremos amados (a menos que cessemos de pedir e nos tornemos capazes de doar);
7.   Kenodoxia, ou a vaidade e a presunção que nos identificam com a imagem que fazemos de nós mesmos, independentemente do que somos na verdade; isto só acontece com angústia, e esta é proporcional à diferença que existe entre o que somos e o que pretendemos ser;
8.   Uperephania, sem dúvida, a patologia mais grave: trata-se de colocar nossa identidade ilusória como se fosse a única realidade, e tomarmos a nós mesmos por única referência e juizes do que é bom ou mau; considerar todas as coisas em relação ao prazer ou desprazer que elas nos proporcionam e fazer delas uma lei válida para todos.
Aos oito logismos, ou pensamentos, poderíamos acrescentar muitos outros, como o ciúme, a inveja…  e todas as projeções que nos impedem de ver e de aproveitar o que está no presente.  Não por acaso, mais tarde, os Padres do Deserto chamaram estes pensamentos ou expressões da mente, que constituem obstáculos à apreensão simples e pacífica do que existe e do que somos, de “demônios” (shatan, que, em hebraico, quer dizer: “obstáculo”).
Em resumo, o principal obstáculo à paz, o maior dos demônios é a nossa própria menteeste reservatório de emoções passadas, que se derrama sem parar sobre o presente; este “pacote de memórias” que denominamos ego, ou eu.  Quem sofre ou é infeliz é sempre o eu e nossa identificação com o que não somos realmente.
Que só o presente existe é um segredo bem guardado; o que era, não é mais; o que será, ainda não é; se vivermos eternamente em nossos arrependimentos e projetos, teremos que sofrer e passaremos ao largo do “segredo”… “Ora ao teu Pai que está aí, dentro do segredo”, na presença do que é presente.  São palavras do Evangelho e também palavras de cura…
A morte não existe ainda, ela não é.  Só permanece este “Eu Sou”, que existe desde sempre e para sempre.  Não podemos ir para outro lugar, senão onde estamos; e onde nos encontramos aqui já estamos.  Por que procurar, em outra parte, a vida e a paz que nós somos, se a paz é nossa verdadeira natureza, não está por fazer?  Trata-se, primeiramente, de conferir menos importância àquilo que nos “impede” de estar em paz; depois, não lhe dar importância alguma, se quisermos; e isto significa aderir, instante após instante, ao que é, com um espírito silencioso, uma mente serena, ou melhor, não identificados com as memórias e com as emoções que essas memórias provocam.
Lembrar-se de que nossa verdadeira natureza está em paz é uma forma universal de oração.  Essa rememoração de nosso ser verdadeiro encontra-se, efetivamente, na base das práticas de meditação de várias culturas ou religiões (dhikr – prática islâmica; japa – modalidade de ioga; hesicasmo – seita antiga de místicos cristãos orientais, etc.).
Temos medo de que?  De perdermos a cabeça, perdermos a alma, de não  sermos o que nossas memórias nos dizem que somos, não sermos coisa alguma do que pensamos ser?  Perdem-se as ilusões, os pensamentos, e fica somente o medo de morrer.  Se eu paro de me identificar com o que deve morrer, permaneço já naquilo que sou desde sempre.
Não pode haver outro artesão da paz que não seja aquele cujo corpo está relaxado, que tem o coração livre e a mente pacificada.  Mesmo o nosso desejo de paz pode tornar-se uma tensão, um nervosismo, um obstáculo à paz, uma obrigação, um dever que se somará à infelicidade e à inquietação do mundo.
Afirmar que estamos em paz não é negar nossos medos, nossas memórias, nossos sofrimentos…  é colocá-los em seus devidos lugares, na corrente insensata e tranquila da verdadeira Vida.
Fonte: http://www.gepazebem.org/a-paz-segundo-leloup.html  Jean Yves-Leloup (1950- ) – francês, doutor em Psicologia, Filosofia e Teologia, escritor, conferencista dominicano e depois padre ortodoxo.