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sábado, 9 de agosto de 2014

INFÂNCIA NÃO É CARREIRA, E FILHO NÃO É TROFÉU




Nesse mundo contemporâneo, ter, ser, saber, parecem fazer parte de uma competição. Nesse mundo, alguns pais e algumas mães acabam acreditando que é preciso que seus filhos saibam sempre mais que os filhos de outros. E isso sim seria então sinal de adequação e o mais importante: de sucesso.

O que uma criança deve saber aos 4 anos de idade? Essa foi a pergunta feita por uma mãe, em um fórum de discussão sobre educação de filhos, preocupada em saber se seu filho sabia o suficiente para a sua idade.

Segundo Alicia Bayer, no artigo publicado em um conhecido portal de notícias americano – The Huffngton Post -, o que não só a entristeceu mas também a irritou foram as respostas, pois ao invés de ajudarem a diminuir a angústia dessa mãe, outras mães indicavam o que seus filhos faziam, numa clara expressão de competição para ver quem tinha o filho que sabia mais coisas com 4 anos. Só algumas poucas indicavam que cada criança possuía um ritmo próprio e que não precisava se preocupar.

Para contrapor às listas indicadas pelas mães, em que constavam itens como: saber o nome dos planetas, escrever o nome e sobrenome, saber contar até 100, Bayer organizou uma lista bem mais interessante para que pais e mães considerem que uma criança deve saber.

Veja alguns exemplos abaixo:

Deve saber que a querem por completo, incondicionalmente e em todos os momentos.

Deve saber que está segura e deve saber como manter-se a salvo em lugares públicos, com outras pessoas e em distintas situações.

Deve saber seus direitos e que sua família sempre a apoiará.

Deve saber rir, fazer-se de boba, ser vilão e utilizar sua imaginação.

Deve saber que nunca acontecerá nada se pintar o céu de laranja ou desenhar gatos com seis patas.

Deve saber que o mundo é mágico e ela também.

Deve saber que é fantástica, inteligente, criativa, compassiva e maravilhosa.

Deve saber que passar o dia ao ar livre fazendo colares de flores, bolos de barro e casinhas de contos de fadas é tão importante como praticar fonética. Melhor dizendo, muito mais importante.

E ainda acrescenta uma lista que considera mais importante. A lista do que os pais devem saber:

Que cada criança aprende a andar, falar, ler e fazer cálculos a seu próprio ritmo, e que isso não tem qualquer influência na forma como irá andar, falar, ler ou fazer cálculos posteriormente.

Que o fator de maior impacto no bom desempenho escolar e boas notas no futuro é que se leia às crianças desde pequenas. Sem tecnologias modernas, nem creches elegantes, nem jogos e computadores chamativos, se não que a mãe ou o pai dediquem um tempo a cada dia ou a cada noite (ou ambos) para sentar-se e ler com ela bons livros.

Que ser a criança mais inteligente ou a mais estudiosa da turma nunca significou ser a mais feliz. Estamos tão obstinados em garantir a nossos filhos todas as “oportunidades” que o que estamos dando são vidas com múltiplas atividades e cheias de tensão como as nossas. Uma das melhores coisas que podemos oferecer a nossos filhos é uma infância simples e despreocupada.

Que nossas crianças merecem viver rodeadas de livros, natureza, materiais artísticos e a liberdade para explorá-los. A maioria de nós poderia se desfazer de 90% dos brinquedos de nossos filhos e eles nem sentiriam falta.

Que nossos filhos necessitam nos ter mais. Vivemos em uma época em que as revistas para pais recomendam que tratemos de dedicar 10 minutos diários a cada filho e prever um sábado ao mês dedicado à família. Que horror! Nossos filhos necessitam do Nintendo, dos computadores, das atividades extraescolares, das aulas de balé, do grupo para jogar futebol muito menos do que necessitam de nós. Necessitam de pais que se sentem para escutar seus relatos do que fizeram durante o dia, de mães que se sentem e façam trabalhos manuais com eles. Necessitam que passeiem com eles nas noites de primavera sem se importar que se ande a 150 metros por hora. Têm direito a ajudar-nos a fazer o jantar mesmo que tardemos o dobro de tempo e tenhamos o dobro de trabalho. Têm o direito de saber que para nós são uma prioridade e que nos encanta verdadeiramente estar com eles.

Então, o que precisa mesmo – de verdade – uma criança de 4 anos?

Muito menos do que pensamos e muito mais!




sábado, 2 de fevereiro de 2013

CRIANÇA ESTRESSADA PODE VIRAR ADULTO DOENTE



Como adultos, passamos diariamente por situações de estresse - maiores ou menores. Elas podem aparecer em diversos lugares, como no trabalho, na rua e até mesmo em casa. Alguns reagem ao estresse com mudanças no humor, e tornam-se pessoas mal humoradas e tristes. Já outros apresentam alterações na saúde psíquica, desenvolvendo doenças como depressão, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, conflitos em relacionamentos ou insônia.
Há, ainda, quem reaja ao estresse por meio de doenças que habitualmente são classificadas como psicossomáticas, como intestino irritável ou certos casos de asma. Também existe um grupo de pessoas que desenvolve doenças vistas, até pouco tempo, como puramente orgânicas, como diabetes, hipertensão e arteriosclerose. Mas por último há aqueles que, sob o peso das mesmas situações de estresse, não adoecem nem física e nem emocionalmente.
Essas diferenças atraíram a atenção do neurobiólogo canadense Michel Meaney, da Universidade McGill, em Montreal (Canadá). Suas pesquisas indicam que as diferentes reações ao estresse são condicionadas na infância. Conflitos familiares constantes, abusos físicos ou sexuais em crianças, uma educação muito severa ou negligência nos cuidados ou na educação que a criança precisa, são fatores que predispõem o futuro adulto a adoecer com mais facilidade, tanto mentalmente como fisicamente."Conflitos familiares constantes, abusos físicos ou sexuais em crianças, uma educação muito severa ou negligência nos cuidados ou na educação que a criança precisa, são fatores que predispõem o futuro adulto a adoecer com mais facilidade, tanto mentalmente como fisicamente."
Há um fator genético também envolvido, mas as experiências da infância são determinantes.
A criança passa não só por um crescimento em tamanho, mas pelo amadurecimento de seus órgãos internos. O sistema nervoso central e o sistema endócrino, com suas glândulas e hormônios, estão em formação e são muito afetados pelas experiências dolorosas da infância. Essas experiências marcam a forma de reação ao estresse, como uma informação que fica impressa no corpo, e se repete sempre que a pessoa se encontra diante de situações que inconscientemente têm relação com os sofrimentos vividos na infância. É por isso que muitas reações ao estresse parecem infantis, porque é a criança machucada que está atuando!
Quando o adulto - por meio de um trabalho terapêutico - reconhece as feridas físicas e emocionais que a sua criança interior carrega, ele dá o primeiro passo no sentido de acolher a criança que ele foi e libertar sua vida de adulto daquelas reações infantis. Isso o permite viver como uma pessoa livre e responsável. Afinal, é uma prisão reagir sempre da mesma maneira ao que acontece em nossas vidas. E quando podemos deixar de agir conforme o padrão, e mesclar o pensar e o sentir antes de agir, alcançamos a maior liberdade que podemos almejar!

Fonte: http://www.personare.com.br/crianca-estressada-pode-virar-adulto-doente-m3199