Por trás de muitas das lesões que acontecem praticando asanas, subjaz o ubíquo mas falacioso adágio “no pain, no gain“: sem dor, não há ganho.Ganho do que? Fazer asanas de maneira forçada ou exagerada nunca iluminou ninguém. O problema é que pessoas naturalmente flexíveis tendem, por conta dessa filosofia barata, a forçar as articulações para além do limite da dor.
Isso acontece porque, como a pessoa flexível não sente nada quando alonga os músculos, acha que a prática não faz efeito, e tende a levar as posturas ao extremo de forçar as articulações, onde se percebem muitas sensações diferentes. Isso não apenas é prejudicial para os ligamentos mas igualmente para as cartilagens que protegem as articulações.
Nesse tipo de situação, temos uma interferência nociva do ego da pessoa que pratica, ou do ego do professor, o que é ainda pior. Em ambos os casos, essa imposição do ego acaba por silenciar o que o corpo fala e o que o bom senso diz, e fica aberto o caminho para a colisão.
Muitos professores de Yoga encorajam seus alunos a extrapolarem os limites e a se superarem em termos de performance física, sem compreender exatamente o grau de risco para a saúde do sistema músculo-esquelético que esse tipo de atitude traz para quem pratica.
Embora seja muito bom receber motivação para nos superarmos e vencermos os obstáculos que possam aparecer no caminho, isso não pode acontecer em detrimento da nossa integridade física ou emocional. Muito menos, esquecendo o objetivo fundamental do Yoga, que é moksha, a libertação.
Fonte: Pedro Kupfer
Nenhum comentário:
Postar um comentário