Em que aspectos nos baseamos? Quais são as referências nas quais nos apegamos, nos sentimos adequados?
As formas, as estórias são meras aparências da Totalidade; é como ela se apresenta no pequeno, no particular, mas o mais importante é que ampliemos nosso olhar e percebamos que existe o rio da vida fluindo, e esse rio da vida é Um só, é o mesmo em mim, em ti, na árvore, no animal, é o mesmo e vasto fluxo dinâmico e eterno que se apresenta na forma, experimenta, vive experiências múltiplas e se dissolve em si mesmo, e mesmo assim, permanece...
A simples mudança de percepção daquilo que é aparentemente isolado, separado, diferente, em um segundo se torna Totalidade.
É como se olhássemos fixo para a ponta dos nossos dedos por muito tempo, e em um segundo levantássemos os olhos e víssemos a vastidão do horizonte aberto diante de nós.
Nosso dedo é importante? Sim, claro, fundamental eu diria. Mas ampliar o olhar e captar a vastidão que se encontrava bem ali na nossa frente... isso é divino!
A Existência, Deus, ou o Absoluto é sempre presente, é sempre realidade.
Nunca deixou de ser. A Totalidade é tamanha que podemos inclusive ignorá-la e vivermos uma vida de indiferença em relação a ela, e passar por isso anos e anos, vidas e vidas, simplesmente acreditando que a vida é isso mesmo, cada um por si, que cada homem é uma ilha, que nada está ligado, o que eu vivo e faço nada tem a ver com você e por aí vai.
Viver assim é absolutamente possível, e digo mais, é como vivem hoje milhões de pessoas nesse mundo. Vivem com a "ideia" de separação, de isolamento, vivem acreditando que são entidades separadas, que nada lhes toca, a não ser que elas assim o permitam. Isso é uma ilusão.Vejam que no momento que respiro, me conecto com o mundo inteiro, com todos que vivem e respiram o mesmo ar que nos circunda. Posso viver no Ocidente ou no Oriente,não importa, o chão que eu piso é o mesmo que você; o planeta não conhece fronteiras, limite, demarcações; Visto do espaço a Terra é uma só. Não tem como ver nem mesmo se existe algo chamado humanidade, se olharmos do espaço.
A Terra, o Cosmo e nós sempre fomos um só corpo, e como disse Jesus: Um só corpo e Um só Espírito. Essa consciência da Unicidade não é uma utopia, não é crença, e nem é algo da nova era ou coisa assim, é mesmo a realidade se apresentando, se mostrando como sempre foi, nada de novo nisso; a novidade é que estávamos tão presos as divisões que nós mesmos criamos - como países, línguas, culturas, diferenças de raças, de cores, de hábitos, de tanta coisas - que isso se tornou referência da realidade para nós, mas em termos de Vida, de Existência de Natureza mesmo, isso nunca foi verdade, nunca existiu.
A ecologia já mostrou o quanto a natureza é integrada, é um corpo vivo, e existe uma forte interindependência entre todos os seres vivos, as plantas, os microrganismos, o clima, as estações enfim, a ciência vem mais e mais revelando aquilo que os Mestres já ensinavam desde os tempos mais remotos. Não existe a possibilidade nem a mais remota, de que algo aconteça fora do Todo, simplesmente porque o Todo é Todo em Tudo. Não é algo que vá até aqui, e dali para frente não esteja mais presente. Não, a Totalidade é sempre presente, e Tudo está incluído Tudo acontecendo dentro de uma imensa, infinita engrenagem cósmica.
A não dualidade nos aponta exatamente isso.
Não é uma questão de crença, não é uma filosofia, não é algo que precise estudar anos e anos, não! A Não dualidade ou Advaita é uma simples constatação. É ver aquilo que está diante dos nossos olhos desde sempre. Tão óbvio que nos escapa. Tão evidente que acabou sendo posto de lado. Tão absoluto que virou "paisagem"...
A não dualidade é simplesmente constatar, compreender, se render e finalmente maravilhar-se com aquilo que É. A Totalidade, Deus, Existência nos mínimos detalhes, nas mínimas cenas, no mais ínfimo instante. Não existe nada fora, nem perdido, nem sobrando, nem faltando, nem nada errado, ou algo que possamos qualificar.
A simples constatação de que é sempre a Totalidade existindo, não importa como, nemporque, nem onde, nem quando, nem para quê, é a Realização da Budeidade, da Consciência Crística em cada um de nós.
A simples constatação de que tudo é sagrado, em cada Ser, em cada pessoa, em cada anima, planta, mineral, em cada gesto, em cada respiração, é Sagrado simplesmente por existir, por ser a Pura Presença manifesta, na sua Liberdade absoluta de expressão.
Que ainda neste nosso tempo, possamos Todos nós, realizar isso...
Que as palavras sábias do amado Mestre Jesus sejam também a nossa realidade vivida, experimentada, realizada: O Pai e Eu somos Um...Basta que abandonemos as ilusões da mente pequenina, que teima em ver apenas um pedaço e perde a percepção do Todo acontecendo...
Fonte: por Lilian Amorim http://ventosdepaz.blogspot.com.br/2013/03/unicidade-nao-e-uma-utopia.html