Seja
a porta de sua casa ou de seu coração, você precisa estar atento a
quem deixa entrar em sua vida.
Sei
que aprendemos a não negar amparo e abrigo a ninguém e que devemos
acolher o outro. Porém,
o nosso espaço físico, emocional, mental e espiritual, pode ser
invadido por energias que não
nos pertencem, prevalecendo-se
da falta de limites de nossa parte.
Ser
“bonzinho” nem sempre é o ideal para conquistarmos uma relação
saudável. Precisamos saber
em que momento dizer não, recusar, fechar-se.
Proteger a si mesmo como uma forma de
autoamor.
As
relações amorosas, profissionais, familiares e sociais devem ser
construídas respeitando-se
alguns limites.
Não se perca em querer agradar os
outros. Conhecer-se
e tomar posse de si, possibilita
melhores escolhas.
Ter uma postura firme e ao mesmo tempo flexível, não confundindo
firmeza com rigidez.
A falta de posicionamento e de foco diante da vida e do outro,
divide- nos
em atitudes
divergentes,
e nossa energia se torna flácida, descompactada, permeável e se
esvai. Perdemos o chão
e nosso domínio energético. Deixar
que o outro vá além dos limites,
enfraquece nossa integridade como ser físico e espiritual.
Somos bombardeados pela energia alheia.
Caso você não tenha estrutura suficiente para
continuar no domínio, suas defesas
serão destruídas facilmente.
Proteger-se
e defender-se
de uma invasão;
sem entretanto, formar uma couraça.
Reich e Lowen, através da
Bioenergética, descrevem a relação corpo, energia, emoções e
mente. A
couraça muscular é um acúmulo energético que se formou pela
repressão de uma emoção, de
sentimentos encapsulados, impedindo o
fluxo, o crescimento e a renovação. A reação de
contração e tensão por um trauma
passado que se reflete no presente como uma psicopatologia.
Esse tipo de defesa diminui a
espontaneidade nas relações humanas e o autoconhecimento.
A flexibilidade e resiliência são a
chave para o acolhimento sem couraças, mas com imposição de
limites. A resiliência é como um
elástico que se expande, sofrendo o estresse e a tensão,
e depois voltando
ao seu formato original. A flexibilidade é como um bambu que se
enverga sem quebrar.
No
corpo físico, o sistema imunológico é um termômetro que nos
indica como lidamos com os limites.
Podemos pegar uma virose no ar ou em contato com uma pessoa
infectada.
E o sistema
imune entra em ação. Ele é
responsável por nossa porta de entrada. A baixa imunidade é como
uma porta aberta aos intrusos. Já, as
doenças autoimunes ocorrem por falta de critério desse
sistema que confunde nossas células e
tecidos naturais como sendo invasores.
Toda doença física reflete nosso
padrão energético, nossas emoções e pensamentos. Problemas
respiratórios, como a Asma, podem ser
consequência da dificuldade de relacionamento com o
outro. O ato de respirar significa
trocar, compartilhar com o ambiente o outro.
Mas,
como agir para manter a integridade, ocupando nosso espaço na vida
sem ferir o próximo ou ser
egoísta? Como
impor limites?
Tem
gente que deixa as portas de sua casa abertas para quem quiser
entrar. Perceba que quando convida
alguém para entrar em seu lar, você estará sujeito a receber as
influências que essa pessoa
traz consigo. Imagine que alguém entre com os sapatos sujos de lama,
porque você não reparou
ou viu e ficou com vergonha de pedir para retirá-los...
Você terá que limpar o seu chão, lavar
o tapete. Na
dimensão energética, é exatamente assim que acontece. A falta de
uma conduta protetora nos afetará
o equilíbrio e a saúde. A
proteção se faz,
promovendo e mantendo um padrão energético condizente. Não haverá
lama capaz
de manchar seu lar energético. Você
pode por uma plaquinha na porta: “Entre,
mas antes tire os sapatos!”. Assim
estará mais protegido
da sujeira.
Numa
relação amorosa, temos que aprender a amar. Não deixar que o
companheiro se imponha, prevalecendo
suas vontades ou que manipule o convívio. Ambos devem ser
respeitados e a liberdade
de um termina quando começa a do outro. Independência acima de
tudo! O autoamor é o
sentimento que nos imuniza contra invasores. Primeiro amar a si
mesmo, e
assim ter a capacidade
de amar o outro. Na
vida profissional, a imposição de limites é essencial à
sobrevivência dentro do grupo de
colaboradores. Estar aberto às
inovações, às mudanças constantes, sem, no entanto, permitir ser
explorado e esmagado pelo outro e pela
organização. Na
vida familiar, também, a sua postura será um manancial de conflitos
ou de carinho e paz. Em
todas as relações, o medo é a porta aberta para os convidados
inconvenientes. Medo de assumir
o seu espaço, suas convicções, seus questionamentos.
Ser
o que é, assumindo sua condição
atual, seus defeitos, seus méritos, seus talentos, suas sombras.
Estar flexível para o novo
, para o autoconhecimento e a transformação interior.
Se
quiser realizar uma grande celebração em sua vida, em sua casa, em
seu coração, lembre-se:
Toda construção requer alicerces que a
sustentem e lhe tragam estabilidade. Sua casa deve estar
protegida contra as intempéries da
natureza e ser suficientemente acolhedora para que todos os
convidados possam ser recebidos. Escolha
quem quer convidar, você não precisa receber o fofoqueiro
que fala mal de todos ou o bêbado que quebra seus copos.
Enfim, entenda que estar na energia do
“bem” não significa acolher as mazelas, engolir sapos e
pisar na lama. Amar ao próximo não é
se deixar de lado em prol do outro. Ajudar a quem precisa
não é anular suas próprias
necessidades. A
prosperidade, a saúde e plenitude,
são resultados do autoamor que proporciona a sabedoria para
escolher quando e a quem abrir as
portas.
Seja
o seu falar “sim, sim, não, não” (Mateus,5,30)
Seja
Amor!
Fonte:
Nadya Prado