Hoje em dia a pílula ainda é promovida como uma forma de “controlar nossa vida”. Enquanto o verdadeiro sentido de “ter o controle” procede de conhecer como funciona nosso corpo, valorizando as mudanças rítmicas mensais como oportunidades de auto-conhecimento e cuidado consigo mesma, assim como o acesso às profundas fontes de poder que o ciclo nos revela. Esse "controle" é nosso, não cabe a algo e nem a ninguém (anticoncepcionais e indústria farmacêutica) que não a nós mesmas. Isso sim é verdadeira liberdade sobre nossos corpos.
Sobre os efeitos das pílulas anticoncepcionas:
"Infelizmente muitos médicos não informam suficientemente os efeitos secundários, nem as contraindicações. Às vezes dizem algo a respeito mas de forma muito rápida. Existem alguns médicos que não são partidários da pílula, porém, são eles poucos e dispersos. Falar contrariamente à pílula no âmbito sanitário é visto como um suicídio profissional.” Alexandra Pope
Levamos 50 anos de uso, abuso e mitificação da pílula anticonceptiva.
- 50 anos medicando com hormônios sintéticos e alterando o sistema endócrino de mulheres saudáveis.
- 50 anos ocultando e mentindo sobre os efeitos secundários da pílula nas mulheres, no meio ambiente e na sociedade.
- 50 anos politizando a pílula anticonceptiva como bandeira de um tipo de feminismo deixando de lado outras formas de evitar a gravidez eficazes, inócuas e respeitosas com o corpo feminino.
- 50 anos, somando-se a séculos anteriores, estigmatizando e desinformando sobre o verdadeiro valor físico-psíquico da menstruação e o poder que sua conexão oferece às mulheres.
- 50 anos insultando a nossa natureza e à quem estamos unidas mediante os ciclos sagrados.
Porém isso, começando pelo monopólio de informação oficial a respeito, está acabando e cada vez mais especialistas estão questionando esses medicamentos e mais e mais mulheres abrem os olhos para conhecer e fazer justiça a seu corpo.
A australiana Alexandra Pope, autora de “The wild gene” e co-autora de “The pill: are you sure it´s for you?” 'converteu-se' em uma especialista sobre o poder do ciclo menstrual e o caminho desde a menarca até a menopausa. Segundo Alexandra Pope os efeitos secundários da pílula anticoncepcional são muitos. Depressão, mudanças de humor, perda da libido, aumento de peso, etc. Afeta em geral a saúde, incluindo o debilitamento da função imunológica, devido a disfunção nutricional que provoca no nosso organismo. As mulheres que tomam a pílula e outros contraceptivos hormonais podem experimentar vários desses efeitos ao mesmo tempo. A pílula também afeta a fertilidade. Depois de deixar de tomá-la a menstruação pode demorar muito em voltar e atrasar bastante a concepção. Menos comuns, porém mais sérios, são os efeitos secundários como a osteoporose, trombose, câncer de mama e do colo do útero.
Outra consequência bem séria e pouco discutida se deve ao fato da pílula provocar a estrogenização do meio, já que seus resíduos hormonais são impossíveis de filtrar e os resíduos que ficam na água passam para a cadeia trófica, principalmente pela urina.
A pílula e outras forma de anticoncepção hormonal com estrógenos como a anticoncepcional de emergência (DIAD), o emplastro e o anel, foram especialmente desenvolvidos para transtornar o funcionamento natural do sistema endócrino da mulher. No entanto, também atua como desregulador endócrino quando é vertido no meio ambiente através das águas residuais. Esta demonstrado que esses produtos químicos afetam tanto a fauna marinha como os humanos. A exposição a esses disruptores estrogênicos do sistema endócrino durante um ciclo vital inteiro tem causado em algumas famílias de peixes uma incapacidade reprodutiva completa em somente uma geração. A agência de Meio Ambiente Britânica estudou 10 rios durante um período de 5 anos. Os estudos mostram que o estrógeno na urina, procedente da pílula, que havia chegado aos peixes através das águas residuais, afetava a 50% dos peixes do sexo masculino ao produzir óvulos em seus testículos e muitos haviam desenvolvido também órgãos reprodutivos femininos. Além disso se observaram efeitos no comportamento; por exemplo, nos ratos, expostos antes e depois de nascer, mostravam comportamentos anormais em sua vida adulta. Temos evidências para afirmar que a exposição a estrógenos no meio ambiente pode ter efeitos adversos nos humanos. Por exemplo, o dramático decréscimo do número e qualidade de esperma, o aumento na incidência de câncer de mama e de próstata, a puberdade prematura, e o aumento na incidência de endometriose.
Entrevista com Alexandra Pope
O que acontece com o hormônio ethinylestrodiol?
Um dos principais temas de investigação recentes é o impacto no meio ambiente de alguns dos mais recentes anticonceptivos hormonais. O adesivo e o anel de alguns dos mais recentes anticonceptivos pode provocar maiores riscos ambientais depois de ser descartados que pelos próprios estrógenos na urina. Um adesivo usado e despejado no lixão ou enviado ao riacho pode danificar a fauna pois continua desprendendo o hormônio ethinylestrodiol. Como vimos, os anticonceptivos hormonais podem ter efeitos que vão mais além da própria mulher individual que os utiliza.
Quem ganha com a implantação global da pílula?
As empresas farmacêuticas. (óbvio) É um produto muito rentável para elas. Para os médicos também é muito rentável. Simplesmente receitam o mesmo quando se acaba. Para as mulheres que demonstram preocupação receitam outra marca de pílula e pronto. Infelizmente muitos médicos não informam suficientemente os efeitos secundários nem as contraindicações. Às vezes dizem algo, porém de forma muito rápida.
A pílula confunde o organismo feminino?
O ciclo menstrual da mulher é um sistema muito sofisticado que muda constantemente. Responde ao meio interno e externo e nos informa mensalmente como manejarmos nossas vidas. A pílula suprime esse ciclo e, além dos muitos efeitos secundários mencionados antes, têm um efeito mortal em nossa capacidade de saber o que acontece com nossa vida a nível físico e emocional. Mascara os sintomas de problemas de saúde confundindo-nos. Pode ser que não detectemos sinais de problemas de saúde ou assuntos emocionais tão rapidamente como quando temos um ciclo normal. Também distorce a passagem pela menopausa, privando-nos de um dos momentos psico-espirituais mais importantes na vida de uma mulher.
PÍLULA E FEMINISMO: Esclarecendo conceitos
Porque tantas vezes, quando alguém ataca a pílula, os setores feministas se sentem igualmente atacados?
Suponho que nos referimos aqui às atitudes antifeministas e patriarcais. Hoje em dia a pílula se considera sinônimo de anticoncepção. Desafortunadamente, existe uma grande ignorância sobre outras formas anticonceptivas, assim que quando se questiona a pílula parece que estamos questionando a própria anticoncepção, dai a reação. É muito triste que não anime às mulheres a conhecer o funcionamento de seu próprio ciclo menstrual, negando-se assim a oportunidade de experimentar o método anticonceptivos mais poderoso, o conhecimento de sua própria fertilidade. Com esse conhecimento as mulheres tem verdadeiro controle sobre os seus corpos e a capacidade de escolher desde sua posição de poder. Assume-se hoje em dia que as mulheres são incapazes de manejar sua fertilidade por si mesmas e tem que ser controladas pela medicina. Essas idéias pertencem ao século XIX, não ao século XXI. Temos que modificar as atitudes negativas sobre a menstruação e resgatar nosso ciclo menstrual ou ciclo fértil como recurso exclusivamente feminino que, uma vez compreendido, proporciona não somente ferramentas anticonceptivas como também um método de auto-conhecimento e controle pessoal.
A entrevista com Alexandra Pope foi publicada na The Ecologist. Para maiores informações visite: http://www.wildgenie.com/alexandra_pope_fs.html Veja também: Alternativa ao uso de pílulas anticoncepcionais parte 1 - Método Billings
Alternativa ao uso de anticoncepcionais parte 2 - Sagrado Feminino