Nos dias que correm estamos acostumados a viver sem refletir, a andar sem medir os passos, a falar sem pensar, a agir por instinto. Enfim, vivemos sem parar, sem tempo para nós mesmos, sendo levados pela vida. Assim, muitas vezes atropelamos pessoas que nos são caras, sem sequer percebermos, tal a velocidade em que viajamos, outras vezes somos atropelados e, assim como nós, o outro nem sequer nota o mal que fez. A vida é então uma sucessão de mal-entendidos em que o ofensor de hoje é o ofendido de amanhã. Esperamos sempre o pior dos outros e, exatamente por esperarmos o pior, raramente nos decepcionamos, pois em qualquer relação sempre haverá o momento em que magoaremos alguém, ou seremos magoados.Nos dias que correm estamos acostumados a viver sem refletir, a andar sem medir os passos, a falar sem pensar, a agir por instinto.
Enfim, vivemos sem parar, sem tempo para nós mesmos, sendo levados pela vida. Assim, muitas vezes atropelamos pessoas que nos são caras, sem sequer percebermos, tal a velocidade em que viajamos, outras vezes somos atropelados e, assim como nós, o outro nem sequer nota o mal que fez. A vida é então uma sucessão de mal-entendidos em que o ofensor de hoje é o ofendido de amanhã. Esperamos sempre o pior dos outros e, exatamente por esperarmos o pior, raramente nos decepcionamos, pois em qualquer relação sempre haverá o momento em que magoaremos alguém, ou seremos magoados.
Eu não sei quanto a você, mas tenho vivido na pele estas verdades. Sim, a vida muitas vezes é uma penosa sucessão de mágoas que sofremos e mágoas que infringimos, sem perceber. Por estarmos magoados, magoamos, inconscientemente às vezes. E outras vezes recebemos a afronta e não entendemos porque, já que não temos consciência do mal que fizemos.
“Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas”. Salmo 19
Diz o salmista ao perceber quanto é enganoso o nosso coração e como inúmeras vezes cometemos desatinos sem nos apercebermos. Sim, somos devedores, somos omissos e orgulhosos, e tendemos a achar que na equação da vida nas nossas relações interpessoais, ofendemos menos do que somos ofendidos.
Temos a tendência adâmica de sempre relativizar nossos erros e de por a culpa no outro, fugimos de nossas responsabilidades e, via de regra, esperamos sempre que o outro dê o primeiro passo.
Mas por paradoxal que pareça, tal postura só nos faz aumentar a doença e a dor. Quanto mais resguardamos nosso coração, mais perdemos de viver, mais deixamos de ser relevantes e nos tornamos mais um na multidão. Quando nos trancamos em auto-defesa e nos protegemos do outro com couraças, ali, dentro de nossas fortalezas, nos tornamos cada vez mais solitários, menos reflexivos, mais bicho e menos humano.
Quando nos trancamos e protegemos, quando nos blindamos, passamos a estar prontos para o mal, e nossa percepção se volta para discernir o mal no outro. Uma palavra mal dita, um momento de explosão, um piada de mau gosto, uma situação mal explicada, tudo passa a ser motivo de especulações buscando enxergar a má intenção por trás do ato.
A forma como vemos e discernimos o mundo termina por afetar a nós mesmos. Pois, segundo Jesus, os nossos olhos são a lâmpada do corpo, a forma como enxergamos o mundo será refletida em nós mesmos.
Assim, se enxergarmos o mundo de forma positiva e entendermos nossas relações como trocas onde os tropeços e erros de parte a parte são naturais, então todo o nosso corpo será luminosos e atrairemos relações positivas, pois a luz atrai aqueles que são da luz.
No entanto, se a forma como nos relacionamos é negativa seja por excesso de expectativas, seja por fazermos de um relacionamento o centro de nossas vidas, seja por esperarmos sempre o mal e nos julgarmos fadados ao fracasso, então todo nosso corpo são trevas e atrairemos sempre maus relacionamentos, pois na doença da alma os iguais se atraem. Assim, se a luz que há em nós são trevas, diz Jesus, que grandes trevas serão! Pois atraindo mais e mais pessoas em trevas logo estaremos no mais abissal negrume em nossa existência.
O convite de Jesus é para termos a coragem de derrubar os muros, demolir as fortalezas, romper com as couraças e corajosamente viver. È saber que seremos magoados e magoaremos durante nossa caminhada, mas termos a disposição, a intrepidez e a ousadia de saber perdoar e saber pedir perdão.